No ano de 2001, no subúrbio de Sheffield na Inglaterra, os vizinhos Alex Turner e Jamie Cook ganharam cada um uma guitarra como presente de Natal de seus pais. A dupla começou a praticar furiosamente até que em 2002 decidem montar uma banda com seus amigos de escola, Andy Nicholson e Matt Helder. Como Andy já tocava baixo, o cargo de baterista ficou nas mãos de Matt.
Sob o nome Bang Bang, eles começaram a tocar covers de bandas clássicas como "Led Zeppelin" com Glyn Jones encarregado dos vocais. Jones, que disse que só era vocalista porque Alex não gostava de sua voz, após sua saída do grupo Alex assumiu o vocal e a tarefa de escrever canções. Depois de se firmarem como uma banda de composições próprias, mudaram de nome para "Arctic Monkeys".
Seu primeiro show com o novo nome foi em 13 de Junho de 2003, num pub do centro de Sheffield chamado "The Grapes". Com poucos shows conseguiram um público fiel, e assim começaram a gravar CDs demos e distribuí-los para o público. Mas como a oferta era limitada, os fãs copiaram as canções e as disponibilizaram pela internet. Até um perfil da banda no site MySpace foi criado, tudo sem que os próprios membros estivessem cientes. Graças a essa divulgação viral pela grande rede, logo não apenas os antigos fãs, mas a plateia toda cantava as músicas nos concertos. Desta forma eles montaram sua base de fãs sem qualquer ajuda de uma gravadora.
A própria banda não tinha noção de onde estava chegando, admitindo que não sabia nem como achar suas músicas para baixar na Internet. Quando perguntados sobre a popularidade da banda no Myspace em uma entrevista da Prefix Magazine, a banda disse que nem sabia direito o que era o Myspace e que o perfil no site realmente não tinha sido criado por eles. "[Quando nós alcançamos o primeiro lugar na Inglaterra] nós estávamos na rádio e perguntaram sobre como o Myspace havia nos ajudado. Mas este foi um exemplo perfeito de alguém que não sabe do que está sendo falado. Nós realmente não tínhamos ideia do que era aquilo."
Em 2004, sua popularidade chamou a atenção da BBC Radio One e da imprensa britânica. Mark Bull, um fotógrafo amador local, filmou uma apresentação ao vivo e fez o videoclipe para "Fake Tales Of San Francisco", lançando-o no seu site, juntamente com a coletânea "Beneath The Boardwalk".
A banda resistiu a assinatura de um contrato de gravação, se recusando a mudar as suas canções de acordo com a indústria - "Antes da histeria começar, as gravadoras diziam: eu gosto de você, mas eu não tenho muita certeza sobre isso, e que sons vocês podem fazer com essa mudança... "Nós nunca demos ouvidos.". Em maio de 2005, a banda lançou seu primeiro EP, "Five Minutes With Arctic Monkeys", apresentando músicas como "Fake Tales Of San Francisco" e "From The Ritz To The Rubble" com apenas 1500 cópias em CD e 2000 em Vinyl de 7", mas também disponível na iTunes Music Store.
O cinismo da banda com a indústria chegou ao ponto de olheiros da gravadora terem a entrada recusada para garantir que seus fãs pudessem ver os shows. O sucesso de sua lógica - "Nós chegamos até aqui sem eles, por que deveríamos deixá-los entrar?", foi ilustrada com uma série de shows esgotados em todo o Reino Unido. Mas em junho a banda assina contrato com a Domino Records e é convidada para tocar no Carling Stage, palco dos festivais de Reading e Leeds, reservado para bandas menos conhecidas. Esta aparição no festival foi muito alardeada pela imprensa musical – NME principalmente – e a banda recebeu uma plateia inesperadamente grande para o cachê que recebeu. A apresentação contou até com o espontâneo coro dos fãs na maioria das músicas, inclusive em algumas que nem haviam sido lançadas (apenas na Internet) como "When The Sun Goes Down".
Eis que em outubro lançam seu primeiro compacto "I Bet You Look Good On The Dancefloor", que foi direto para o primeiro lugar nas vendas, com 38.962 cópias. No mesmo mês, estamparam sua primeira capa da revista New Musical Express. Em janeiro do ano seguinte alcançariam de novo o primeiro lugar com o segundo compacto "When The Sun Goes Down".
Seguindo o compacto a banda lança seu álbum de estreia no fim de janeiro, "Whatever People Say I Am". O disco era esperado para ser um dos maiores lançamentos do ano, com milhares de cópias pré-ordenadas, e realmente foi, vendeu 120 mil cópias só no primeiro dia, o que ultrapassava a soma dos Top 20 do país nessa data, e a primeira semana foi fechada como 363.735 cópias. Isto lhe rendeu recorde de álbum de estreia vendido mais rápido na história da música britânica, ultrapassando Definitely Maybe do Oasis.
Whatever People Say I Am - Download
Formação: Alex Turner (vocais e guitarra), Andy Nicholson (baixo), Matthew Helders (bateria e backing vocal), Jamie Cook (guitarra).
O disco já começa com a ótima "The View From The Afternoon" que tem uma melodia grudenta e riffs bem trabalhados, seguida de "I Bet You Look Good On The Dancefloor", "Fake Tales Of San Francisco" e "Dancing Shoes" no mesmo estilo. Com "Riot Van" e "Mardy Bum" há uma mudança, ambas mais lentas, com destaque para a segunda, um dos pontos altos do álbum. E para fechar, a também excepcional "When The Sun Goes Down" que é até hoje um dos maiores sucessos da banda e com todos os méritos e "A Certain Romance", outro "clássico".
Ainda no mesmo ano a banda lança o EP "Who The Fuck Are The Arctic Monkeys", com cinco novas faixas. Apesar das altas vendas o linguajar sujo das canções resultou em baixas execuções no rádio, o que não incomodou a banda. Logo após o lançamento do EP, a banda apresentou um novo baixista, Nick O’Malley. Inicialmente, Nick apenas substituiria Andy na turnê pelos Estados Unidos, mas depois foi anunciado que ele tinha deixado a banda em definitivo.
Em abril de 2007 sai o segundo álbum, "Favourite Worst Nightmare", de tal expectativa que foram feitas 400 mil cópias na Grã-Bretanha, no dia 29 do mesmo mês já apareceu na primeira posição nas paradas britânicas. A banda inicialmente pensou em chamar o álbum de: "Lesbian Wednesdays, Gordon Brown Or Gary Barlow" mas acabaram vendo que não daria muito certo. Vendeu novamente mais de 220.000 cópias na primeira semana.
Favourite Worst Nightmare - Download
Formação: Alex Turner (vocais e guitarra), Nick O’Malley (baixo), Matthew Helders (bateria e backing vocal), Jamie Cook (guitarra).
O título do álbum é muito inteligente, "Este é nosso pior pesadelo favorito", já que a pressão da imprensa musical sobre o lançamento era enorme. E ele já começa em grande estilo, com a sensacional "Brianstorm", provando a que veio a banda, se é que ainda precisava ser provada alguma coisa. Seguindo muito bem com "Teddy Picker" e "D Is For Dangerous" o disco tem uma boa queda com "Balaclava" com vocais estranhos e um instrumental "bagunçado", mas isso não é nada para quem tem "Fluorescente Adolescent" como música seguinte, talvez o maior hit da banda até hoje. Outros destaques vão para "Do Me A Favor" e "If You Were There, Beware", apesar de ser um exemplo de álbum que começa incrivelmente bem e vai perdendo a força no seu decorrer, ele continua sendo indispensável para qualquer fã de rock alternativo.
Em 2008, Alex Turner, o compositor e também vocalista da banda teve seu "caderninho" de musicas roubado, o que atrasou o inicio das gravações do terceiro álbum da banda. O vocalista conta que ao tentar lembrar das letras das musicas roubadas, ele acabava criando composições completamente novas, o que segundo o próprio, resultou em um trabalho único. Sob uma forte influência do Queens Of The Stone Age (afinal, o álbum foi produzido por Josh Homme), o álbum apresenta instrumentais mais pesados e letras mais maduras, gerando opiniões extremas, a favor ou contra o "Humbug".
Hambug - Download
Formação: Alex Turner (vocais e guitarra), Nick O’Malley (baixo), Matthew Helders (bateria e backing vocal), Jamie Cook (guitarra).
A primeira vista, é um par peculiar, Homme e Arctic Monkeys, é como se fossem irmãos, sendo que aqui o mais velho está encorajando o mais novo a seguir seus instintos, sem no entanto impor sua própria opinião nisso. Talvez por ter sido gravado no místico deserto da Califórnia o álbum adquiriu este mesmo ar. Cada elemento do álbum reflete uma banda testando seus limites, vendo onde pode - não necessariamente irá - qual o próximo passo, é uma viagem através do território que é novo para eles como músicos (o que não significa necessariamente que é também novo para a sua audiência), oferecendo a uma espiada no que está além de canções. "My Propeller" ilustra bem o caminho do álbum, mais escura e mística que a maioria das músicas da banda mas igualmente boa, assim como "Crying Lightning". Em seguida vem a feia "Dangerous Animals", definitivamente a mais fraca do álbum mas que não o compromete. Contrastando absurdamente com esta, vem a belíssima "Secret Door", para quem gosta de acender isqueiro nos shows, uma balada que começa sem nada de novo mas tem um final surpreendente. "Potion Approaching" e "Fire And The Thud" reforça o que já foi mostrado nas duas primeiras músicas para a entrada de "Cornerstone", com um começo lembrando muito "The Beatles" ela é outra balada que mostra do que a banda é capaz, a melhor música do álbum. Encerrando o disco com um quê de melancolia e misticismo em "The Jeweller's Hands" a banda mostra que o rumo dos próximos trabalhos pode ser bem interessante.
"Humbug" deixa duas coisas claras: os "Arctic Monkeys" são sérios sobre estar em uma banda, sobre fazer música, e eles são a primeira grande banda britânica em muito tempo sem medo de se mostrar para o resto do mundo e inovar. Fugindo do assunto, eles ganham ainda mais pontos porquê não são grandes fãs do "Radiohead" :). Em uma entrevista à NME, eles se referiram sarcasticamente à uma sessão no rádio, que tinham ouvido na noite anterior, durante a qual Matt “quase caiu no sono” de tédio.
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